domingo, 20 de fevereiro de 2011

Rastelli Clowns 1978

Os palhaços Rastelli, apresentados para Bruno, Marcus, Lucas e Zeca pelo professor Fernando Sampaio (La Mínima)

Quando penso no Gandaiá...

Esses dias, escrevendo projetos mirabolantes para o Gandaiá, coloquei os dedos sob o teclado (versão atualizada da expressão "caneta sobre a mesa") e pensei: "tá, e aí Gandaiá?"

De onde viemos, pra onde vamos? E se vamos, por que vamos?

Mas mais importante de tudo isso, do que saber dos caminhos a serem trilhados, é saber "quem é você Gandaiá, que ninguém vê?"

Um projeto antes começado por mim, e antes somente meu, adquiriu pedaços e formas de expressão novas, somadas pelas pessoas que entraram e permaneceram ali. Por exemplo, podemos citar que o Gandaiá é um grupo alegre, espontâneo, e cheio de energia. A figura da Mary Poppins surgiu em minha mente como um girassol nesse momento, saltitando com uma caixa de um lado pro outro.

Isso é Gandaiá.

Logo depois pensei no grupo como um monte de valores. Um monte... um grupo que não perderia o norte nunca, pois sempre lembra de onde veio e o porquê veio. Ravel, o farol. O guia. (Isso também é Gandaiá)

Poesia em Ação, Poesia, Ação. O Gandaiá, sem a Poesia seria um buraco. O Gandaiá seria um buraco sem a ação. Seria só Gandaiá. Equilíbrio! Lembrei-me do desequilibrado Nito Patela, clown do equilibrado Marcus Mazieri. Poeta que nunca ficou sentado. Ativista que nunca deixou de escrever.

Não obstante, nem restante, penso na objetividade do Robson, sério, pensativo, tranquilo, uma mão amiga nos momentos em que o barco pende pra lá e pra cá. Neco sorri, por sorrir. Está feliz de fazer parte de alguma coisa maior, de um sonho que sempre esteve presente na sua vida. O Clown Neco tem vida.

Penso na força de vontade e companheirismo do meu companheiro Gabriel e nas suas muitas aulas mortas deixadas pelo caminho. Uma a uma. Imagino o Tutatis com uma 12, subindo o morro, enfrentando balas, um clownrilho nato.

Penso na Andréia e na sua fé de um mundo melhor, nessa vontade inexplicável de querer deixar algo de bom para trás e para frente. A Olivia está ali.

Penso no carinho pelas coisas e pessoas que o Lucas tem, que chega a ser um amor que vai além do amor próprio. Lulu canta um Hino.

Penso no desespero do Mauricio, buscando mais e mais e mais, sem nem ao menos olhar pra trás... o Taix sempre desesperado, buscando sonhos e nem ligando se estão o entendendo ou não.

Lembro do Zeca subindo pelos postes, e do Dionysio balbuciando um galamales que só ele entende. E daí?  Lembro da Mayra sendo engraçada sendo apenas ela mesma (sendo um clown Tchacabum), lembro da Nathalia lutando ombro a ombro nesses muitos anos ao meu lado, uma dra Luna. Patetologista que levará o clown pra vida.

E vejo renovação entrando pela porta da frente, nos olhos brilhantes dos semens e brotinhos.

Alegria, Valores, Equilíbrio, Objetividade, Força de Vontade, Fé em um Mundo Melhor, Amor Incondicional, Sonhos, Leseira, Clown, Luta, Renovação.

Eis que temos um Grupo de Clown... eis que temos Gandaiá.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A CONCEPÇÃO SAGRADA DOS CLOWNS.





Amigos queridos, relato aqui, a vossos olhos vivos e brilhantes que lêem este blog deslumbrante, a nossa Cerimônia de Iniciação dos novos membros e membranas do Grupo, chamada:

Rytual de Introdução dos Sêmens do Grupo Clown Gandaiá
(sim, é com "y" mesmo! é mais charmoso assim...)


Por quê sêmens? Porque antes de sermos brotinhos, somos sementes. Nada mais justo que introduzir os nossos calouros (sêmens) com carinho e prazer dentro do corpo de nosso maravilhoso e gostoso Grupo. 

 Logo que todos chegaram a primeira atividade do dia foi nosso sagrado alongamento-de-todo-dia-amém. Em seguida Tutátis, Lulu Betão e Nito Patela realizaram um belo e profundo discurso sobre o que é ser clown, sobre o significado e o papel do clown na sociedade e na vida interior de cada um, citando os mestres faixa-preta em clown de tradições e linhas diversas como Lígia-san, Gaus-san, Drica-san, etc.
Também agradeceram a coragem e a presença de todos os novos clowns, futuros membros do Gandaiá.


Então começou o Rytual. Lulu Betão, usando o Cocár Magnânimo de Iniciação, conduziu a Dança Ritualística de Introdução dos Narizes Vermelhos - sobre a qual diz a lenda (juntamente do mantra CLOWN mãnaê, CLOWN mãnaô, GANDAIÁ, GANDAIÔ) que se feita durante horas a fio produz estados de transe e de consciência alterada em quem as pratica.


Depois houve a nobre passagem do Cocár Magnânimo de Iniciação de Lulu paraTutátis, que exigiu PRONTIDÃO e DISCIPLINA de nossos sêmens com o juramento clown e a tarefa de proteger o filhinho de bexiga. Todos os que quiseram proteger seus filhos (bexigas que encheram com água) tiveram a oportunidade de sentir na pele a sensação de perda que produz um desconforto inicial e de vivenciar um excelente exercício de desapego aos nossos padrões internos.

 Após algumas bexigas mortas e águas derramadas o nosso notável Nito Patela nos presenteou com meia-hora de práticas e dinâmicas cênicas muito úteis para a Arte Clown. Andamos ridiculamente, corremos, saltamos, caímos, rolamos, gritamos e ainda foi pouco, queremos mais!

O fechamento das práticas se deu com o famoso Círculo de Fogo, no qual todos sentimos a importância da IMPROVISAÇÃO e nos jogamos e jogamos durante mais meia-hora, um tempo que também pareceu curto. Quando estávamos começando a esquentar tivemos de parar.


 Finalizamos o Rito com a Roda de Partilha na qual todos puderam colocar um pouquinho de si dentro dos outros e os sêmens se sentiram suados, sentados e unidos no mesmo panelão-quente que é estar dentro do Grupo Clown Gandaiá.
Meus mais sinceros abraços e carinhos, em especial a vocês sêmens.


Relato Postado por Lucas F. Chagas, clown apelidado de Lulu Betão.